Maria Cristina Lopes Quando a mente está leve a dança flui Psicologia da dança


Cintia Diniz - Psicóloga, Pesquisadora, Professora Registrada pela Royal Academy of Dance, Member of the International Dance Council e Consultora de escolas de ballet atuando em todo o Brasil. fb.com/decorpoementecomadanca / @diniz.cintia / cintiadiniz@hotmail.com / +55 11 9.7685-4398 (WhatsApp)

Quanto menor a criança, menor seu entendimento de propriedade, por isso é necessário ajudar a desenvolver este entendimento sem recriminar. Se algo sumir na sala pergunte às crianças se alguém o pegou e peça para devolver, mas sem acusar ou demonstrar alteração no tom de voz. Muitas crianças pegam objetos de outros colegas com a intenção de conhecer, mas não devolvem devido à recriminação desproporcional que recebem. Por vezes, atribuímos aos pais a dificuldade de dar limites aos alunos, devido à faltas em relação à educação, mas precisamos pensar no aluno de outra maneira. Ao invés de dividirmos a educação do aluno em várias partes precisamos pensar nela de forma integral. O professor não deve buscar culpados, mas soluções! Isso só acontece por meio de parceria entre a escola, os responsáveis e os professores.

Voltando a falar sobre valores e limites, podemos destacar alguns métodos de aplicação nas escolas: troca com os pais; ser impositivo em sala em determinados momentos; punições; interação entre os alunos para a aprendizagem; discussão de valores e regras; combinações para a elaboração de regras em conjunto com os alunos; buscar apoio em profissionais e livros para embasar a prática profissional. Este último tópico é exatamente o trabalho que estamos desenvolvendo aqui!

Quero falar rapidamente sobre a questão da punição que citei agora. Parece uma palavra forte e agressiva, mas não é! De forma bem simples, pensem na punição como uma forma de privar a criança de algo que ela goste, pode ser deixa-la somente observando um exercício, sem participar com as colegas; ou não poder escolher o jogo da vez; não ficar com um objeto de preferência; ou não ser a ajudante da professora na aula. A criança irá associar o comportamento inadequado à privação de algo bom e a tendência é desestimular a repetição destes maus comportamentos. Lembre-se sempre que a idade é apenas uma estimativa e que cada criança responderá de forma diferente aos estímulos, regras e limites, o que não significa que as ações de vocês não foram assertivas. Eu costumo dizer que não existe “receita de bolo”, existem exemplos de técnicas e ações que podemos aplicar em sala de aula, mas cada situação é uma e às vezes um comportamento que usamos com uma criança, terá resultado totalmente diferente quando aplicado em outra!


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No artigo anterior falamos sobre as características da faixa etária de alunas de baby class, comportamentos mais comuns, estímulos ao desenvolvimento e sobre limites, regras e valores. A partir deste ponto, vamos retomar o assunto!

Vale lembrar que estamos lidando com crianças de até cinco anos e que nesta faixa de idade elas ainda não têm capacidade cognitiva para autorreflexão. Dessa forma, os valores e regras devem ser passados do professor para o aluno, por meio de palavras, regras claras e histórias que exemplifiquem a importância daquele valor, por exemplo, uma lista fixa na parede que vocês leem sempre antes de iniciar a aula para que todos se recordem, assim, caso necessário, você poderá retomar as regras de forma mais rápida.

Precisamos compreender que sempre a melhor repreensão é a individual. Ou seja, repreender um aluno na frente da turma reforça sentimentos de inferioridade. Uma estratégia que podem utilizar é chamar a criança para perto de você, ficar da mesma altura que ela, falar baixo para que só ela ouça (podem ficar afastados do grupo) e falar com tom de voz suave, firme e sempre olhando nos seus olhos. Caso a criança fuja com o olhar, chame a atenção dela para que volte a olhar para você e depois continue a sua orientação. Vai demorar um pouco mais para que a criança tenha capacidade cognitiva para a autorreflexão como coloquei antes, mesmo assim, já cabe estimular o aluno a refletir sobre suas ações.


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Comportamentos Inadequados em Sala de Aula - Parte 2