Maria Cristina Lopes Quando a mente está leve a dança flui Psicologia da dança
maria cristina lopes psicóloga da dança

Maria Cristina Lopes. Sou formada pela PUC-Rio e mestre pela Universidade de Coimbra. Trabalho com a dança desde 2013 e desenvolvi o 1º curso de psicologia da dança do Brasil em 2016. Sou defensora da área de psicologia da dança, atendo bailarinos, ofereço consultoria para escolas e companhias e capacito professores e psicólogos nesta área promissora.
Contatos: mariacristinalopes@gmail.com | +55 21 990922685

Faro (1998, p.13) afirma que a dança nasceu da religião, se é que não nasceram juntas. Os casamentos, os nascimentos, fertilidades e até mesmo a morte eram rituais em que a dança era o meio pelo qual se vivenciavam os momentos nas comunidades (Amaral, 2009, p.01).

A religião está bastante inserida positivamente no seio da dança como nos exemplos a cima, mas também de forma negativa. A igreja no século XIII atribui à dança um estigma e passa a ser entendida como uma manifestação pagã (Amaral, 2009, p. 01). Desta forma, a dança deixa de ser representada nos contextos que anteriormente eram evidenciados.

Desta mudança a dança passou a ser apresentada na forma de comemorações festivas como:- danças camponesas, colheitas (Amaral, 2009, pp. 01-02). Percebe-se que a dança não era vislumbrada como um fenômeno artístico que deve ser apreciado pelo público - o que é uma percepção atual sobre a dança. Mas, é nítido que mesmo neste momento a dança foi utilizada como expressão do homem.


Essa alteração de cenário, de predominância da dança na religião, para o novo momento da dança como maior incidência de manifestação popular perdura até os dias atuais. Essa evolução da dança dissociada
 da religião se mantém nos dias atuais com sua predominância nos salões de festas. Nesses locais onde atualmente está predominante o desenvolvimento da dança a figura da religião não está associada, como anteriormente foi evidenciada em sua origem. No entanto, a dança ainda se mantém presente na religião, com exemplo da dança de ministério, mas não está mais circunscrita a este ambiente. 


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Sobre esse papel de distanciamento da dança e da religião, Faro (1998) afirma que as danças aos poucos foram liberadas pelos sacerdotes para que suas celebrações nos casos de nascimento, casamento e de boa colheita fossem realizados fora dos cultos e templos. Assim, a manifestação da dança passou a ser realizada em praças públicas (Faro, 1998, p.14). O efeito dessa mudança possibilitou a notoriedade da dança na sociedade. Afinal, as pessoas que não estavam inseridas nos contextos religiosos passaram a perceber as manifestações em praças públicas, possibilitando um maior contato por toda a população (Faro, 1998, p.14).

O que se vislumbra, portanto, é que a religião está amplamente envolvida com a origem da dança. Desde os primórdios da humanidade existe a simbiose desses dois elementos. A religião inclusive foi à responsável por propiciar o contato com a dança pela população que não estava inserida nos templos. A dança evoluiu e se transformou em uma manifestação popular. Por essa razão, a dança foi a arte nascida da necessidade de expressão da humanidade. Como exemplo: sentimentos, desejos, realidades, sonhos e traumas (Faro, 1998, p.16).


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Palavras-chave: dança, história, origem.


REFERÊNCIAS:

Amaral, J. (2009). Das Danças Rituais ao Ballet Clássico. Revista Ensaio Geral, Belém, v.1, n.1, jan-jun.

Faro, A. J. (1998). Pequena História da Dança (4ª ed.). Rio de Janeiro.  


COMO FAZER REFERÊNCIA A ESTE ARTIGO:


Lopes, M. C. (2018, outubro 22) Como surgiu a dança: origem [Blog]. Recuperado de: http://www.mariacristinalopes.com/como-surgiu-a-dan-a--origem.html

Para o estudo da origem da Dança deve-se retornar a época da pré história, em que o surgimento da dança está relacionado ao surgimento da cultura na humanidade. A cultura surge por volta de 100 mil anos a 40 mil anos atrás. Com a cultura surgem as pinturas e nelas estão representadas figuras dos homens dançando. Faro (1998, p. 13) afirma “Há quem distinga nas figuras gravadas nas cavernas de Lascaux, pelo home pré-histórico, figuras dançando”. Nestas gravações era possível identificar a dança associada a caça, alimentação, a vida, a morte, ou seja, rituais religiosos incorporados nos costumes da sociedade à época (Faro, 1998, p.13). No entanto, é possível que a dança tenha sugido antes deste período, mas sem deixar evidências.

Obviamente os meios, as formas, os objetivos da dança evoluíram na mesma medida da evolução da humanidade. A dança nos primórdios era identificada como meio de comunicação, acasalamento, interação de grupos, relações, etc (Amaral, 2009, p.01). O referido autor afirma ainda que a dança era parte viva e funcional das comunidades, sendo a primeira arte conhecida sendo ainda uma ferramenta de interação dos seus adeptos com o ambiente em que estavam inseridos. (Amaral, 2009, pp.01-02).​


Como já dito, a dança se apresentava nos primórdios da humanidade como uma atividade que se expressava de várias formas, mas o mais utilizado era o sentido religioso. A religião está vinculada ao surgimento da dança e sua evolução. O autor Amaral (2009) discorre sobre a dança e a religião pela perspectiva Bíblica, afirmando que: “...no velho testamento, há o relato de Davi dançando diante do senhor; Homero, em sua Ilíada e Odisséia, conta sobre a dança dos antigos gregos; na lenda hindu, relata-se que o mundo girou a partir da dança do Deus Shiva; além dos festivais de Dioniso que incluíam tanto o drama como a dança. Apontamos uma delas como exemplo, as danças lascivas das bacantes” (Amaral, 2009, p.01).


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Como surgiu a dança: origem

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