Maria Cristina Lopes Quando a mente está leve a dança flui Psicologia da dança

1 - Transforme sonhos em objetivos e metas

Formular objetivos e metas em cima do seu sonho é o primeiro passo para torná-lo não só alcançável, mas também palpável. A formulação de objetivos ajuda as pessoas a dirigirem a sua atenção para as exigências específicas das tarefas a executar, trazendo os sonhos para um nível mais prático. Isso também aumenta os níveis de esforço e intensidade no desempenho das tarefas. 

O ideal é estabelecer períodos de curto, médio e longo prazo para o cumprimento dos seus objetivos e metas, e não se sobrecarregar. Não ter objetivos demais e formular alguns deles de forma que se tornem degraus para um objetivo maior são boas pedidas. Se o bailarino quer, por exemplo, dar três piruetas limpas, que tal a curto prazo limpar completamente a primeira que já executa, e a médio conseguir fazer duas bem executadas?

2 - Defina metas específicas e mensuráveis

“Ser um dançarino melhor” ou “Aumentar o nível da minha dança” não são bons objetivos: eles são muito gerais e difíceis de mensurar. Para traçar objetivos concretos, é preciso focar em aspectos específicos da sua dança que o dançarino queira melhorar ou alcançar. Pode ser a flexibilidade, os giros, o equilíbrio, a limpeza dos passos, o que quiser; o importante é ser mais preciso.


Outro ponto importante a se atentar é definir critérios quantitativos de realização, de modo a ser claro o que se pretende no final. Ao invés de “aumentar a quantidade e qualidade das minhas piruetas”, por exemplo, é possível determinar “fazer três piruetas limpas até o final do semestre”. O número de piruetas e o prazo tornam mais fácil para o bailarino montar um plano de ação para alcançar seu objetivo.

3 - Estabeleça objetivos realistas e relevantes

Jogar seus objetivos num patamar alto demais em um curto espaço de tempo não é motivador para o dançarino. Pelo contrário: além de tornar a linha de chegada mais distante, isso facilita a desistência quando ele percebe que não vai atingi-la a tempo. As metas têm que ser sim desafiadoras, mas não a ponto de o esforço para alcançá-las não ser suficiente.

O bailarino precisa, além disso, escolher bem os objetivos nos quais quer se empenhar. Eles devem refletir os interesses e expectativas dos atletas, tanto em termos pessoais como da dança, procurando-se assim gerar o máximo comprometimento do dançarino. Se uma coreografia exige um movimento desafiador que ele ainda não domina, por exemplo, é maior a chance de uma meta que busque o seu aprendizado e limpeza receba prioridade entre as demais.

REFERÊNCIAS:

Gomes, A.R. (2012). Competências psicológicas e preparação mental de atletas de handebol. In M. Arraya & P. Sequeira (Eds.), Andebol: Um caminho para o alto rendimento. Lisboa: Visão e Contextos.


Lopes, M. C; Souza, I. (2020). O bailarino completo [Livro digital]. São Paulo.


COMO FAZER REFERÊNCIA A ESTE ARTIGO: 

Lopes, M. C. (2020, dezembro 15) Aprendendo a sonhar: 5 passos para estabelecer objetivos e metas na dança​ [Blog]. Recuperado de: https://www.mariacristinalopes.com/

Gabriela Romão. Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP), é especializada em escrita científica. Estuda dança desde 2016, com ênfase em modalidades de dança de salão.

Contatos: gabi.r.romao@gmail.com | @romaogabriela

Sonhar é uma palavra forte, que remete à ilusão e ao fantasioso. Ter um sonho é frequentemente relacionado a propósitos grandiosos e por vezes muito distantes, quando não, em certa medida, irreais. A despeito disso, sonhar é muito importante, principalmente para o dançarino: é isso que muitas vezes dará motivação para seguir em frente em seu trabalho. O que poucos apontam é que o ato de sonhar, no entanto, também é um aprendizado, e deve ser desenvolvido a fim de potencializar o trabalho dançarino, ao invés de frustrá-lo.

Sonhos podem sim se tornar realidade, desde que o caminho até eles seja muito bem pavimentado com um bom planejamento, dedicação e esforço. E para isso, elaboramos um passo a passo que ajudará não só a construir sonhos, mas a gerar comprometimento para colocá-los em prática. 


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Maria Cristina Lopes. Sou formada pela PUC-Rio e mestre pela Universidade de Coimbra. Trabalho com a dança desde 2013 e desenvolvi o 1º curso de psicologia da dança do Brasil em 2016. Sou defensora da área de psicologia da dança, atendo bailarinos, ofereço consultoria para escolas e companhias e capacito professores e psicólogos nesta área promissora.

Contatos: mariacristinalopes@gmail.com | +55 21 990922685

4 - Anote suas metas e crie um plano de ação

Metas que ficam só na cabeça tendem a ser esquecidas ou ter pouco sucesso em sua execução. O dançarino deve anotar seus objetivos para curto, médio e longo prazo, e em seguida, buscar estratégias e montar um plano de ação que permita a ele chegar ao seu objetivo. 

Nesse momento, é importante que ele considere suas características individuais, avalie suas condições atuais e formule ações que deve colocar em prática ou parar de executar com vista a cada uma das metas. Por exemplo, se o objetivo for “abrir o espacate até o final do ano”, é importante o bailarino definir quanto tempo poderá dispor por dia para se alongar, quais exercícios fará e até mesmo se vai precisar da ajuda de um profissional (e quais os recursos envolvidos nisso, inclusive financeiros). Talvez seja necessário voltar um passo e reformular algum objetivo, caso ele se prove irrealista para esse momento da vida.

5 - Avalie os resultados e seja flexível

O bailarino deve, periodicamente, avaliar os resultados que tem alcançado - e nesse ponto, ter metas mensuráveis faz toda a diferença. Não é necessário esperar o fim do prazo para cada uma delas acabar; ao longo do processo, vale a pena o dançarino se perguntar como está indo o processo, se o comprometimento dele está satisfatório ou mesmo se os resultados estão de acordo com o esforço empreendido em cada tarefa.

Essas avaliações, seguidas do entendimento do porquê algo não está dando certo ou indo tão bem quanto o indivíduo esperava, ajudam a entender se as falhas estão nos objetivos ou nos planos de ação, gerando autoconhecimento para reformulá-los de maneira mais eficiente. Não deve haver medo em ser flexível com suas metas; e acima de tudo, o bailarino precisa compreender o seu momento e as suas particularidades, e adequar seus objetivos para respeitá-los.


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Aprendendo a sonhar: 5 passos para estabelecer objetivos e metas na dança