A Journal of Dance Medicine & Science também traz conteúdos de saúde relacionados à dança e produziu conteúdos relevantes, sobretudo relacionado aos componentes mentais do bem estar de bailarinos. Já a International Journal of Eating Disorders produziu muitos artigos científicos associando transtornos alimentares à dança. 

Todas essas publicações foram essenciais para o crescimento dos estudos correlacionando doenças, saúde, tratamentos e dança., fazendo com que hoje alcancem muitos países e inclusive instituições de renome da dança, que vem o psicólogo como profissional essencial em suas estruturas e promovem seus próprios estudos. Psicólogos, professores de dança e outros profissionais produziram conteúdos ricos, que elevaram as terapias de dança a novos patamares e fizeram com que, hoje, a psicologia da dança seja uma realidade ao redor do mundo. 


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Construções cognitivas dos dançarinos, ansiedade, transtornos alimentares, dança terapia: esses são alguns dos muitos temas que marcam presença quando abordamos a psicologia da dança. Mas o que é, de fato, a psicologia da dança? Quais são as suas origens e as diversas dimensões que esta área conquistou ao longo do tempo?

De início, devemos dizer que a psicologia da dança é uma área de estudo relativamente recente (tal como a própria psicologia em si, que passou a se popularizar como ciência apenas no século XIX). Então, falar em psicologia da dança requer esse primeiro entendimento: é uma área de estudo recém-estabelecida, com origens na década de 1960, que evoluiu devido à necessidade de responder a algumas perguntas originadas, sobretudo, a partir da dança. 


As demandas originadas se relacionavam à melhora do desempenho de dançarinos e à descoberta dos efeitos da dança nas pessoas que as praticam, tanto no que diz respeito à saúde quanto a aspectos emocionais e psicológicos. Para responder a essas e outras questões é que surge a psicologia da dança, que tem por objetivo aplicar à dança contribuições de todas as áreas da psicologia, como a psicologia escolar, a psicologia da saúde e a própria psicologia clínica.


Em outras palavras, o foco da psicologia da dança não é somente entender os efeitos da dança no dançarino, nem como melhorar questões cognitivas e emocionais nesse público. O objeto de estudo da psicologia da dança são todos os envolvidos com a área da dança: professores, bailarinos, alunos e a população em geral – que pode se beneficiar dos efeitos da dança tanto para pessoas saudáveis quanto para populações específicas.

Logo, percebe-se que a psicologia da dança é uma área muito ampla e com muitos temas a serem investigados. Por se tratar de um campo relativamente recente, ainda conta com muitos estudos exploratórios, que constroem os primeiros pilares para a construção do conhecimento, seja para seu próprio desenvolvimento, seja para contribuição com outras ciências.


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Psicologia da dança: conceito, origens e trajetória

Em sua linha do tempo, a psicologia da dança conta com as terapias de dança como a primeira área a se preocupar com os efeitos do movimento para a saúde. Formada por muitas técnicas e formatos, ela tem sua unificação no uso da dança e do movimento com propósitos terapêuticos, e foi oficializada com a criação da American Dance Therapy Association (ADTA), em 1966. O número de estudos produzidos a partir dessa organização foi enorme, incluindo temas como a integração sensorial trabalhada através de terapias de dança, a atuação de terapeutas de dança, terapias focadas em pacientes esquizofrênicos, com deficiência intelectual, com complicações cardíacas e até mesmo em vítimas de abuso sexual. 

Revistas acadêmicas de áreas correlatas também contribuíram para o arcabouço teórico ainda em construção da psicologia da dança. A Perceptual and Motor Skills Journal, que tem como interesse temas relacionados ao movimento em geral, teve muita produção de conteúdo relacionada às questões sensoriais, motoras e neuropsicológicas que foram fonte de conhecimento para a psicologia da dança. Foi dela um dos primeiros estudos publicados sobre os efeitos da dança para a ansiedade, na década de 1980, que influenciou inúmeros outros autores a continuarem pesquisas sobre o tema. 

REFERÊNCIAS:

Lopes, M.C. (2019). Curso psicologia da dança: temas e perspectivas. Editora Garcia. Juíz de Fora, MG.

COMO FAZER REFERÊNCIA A ESTE ARTIGO: 

Lopes, M. C. (2020, novembro 18) Psicologia da dança: conceito, origens e trajetória [Blog]. Recuperado de: https://www.mariacristinalopes.com/psicologia-da-dan-a--conceito--origens-e-trajet-ria.html

Maria Cristina Lopes. Sou formada pela PUC-Rio e mestre pela Universidade de Coimbra. Trabalho com a dança desde 2013 e desenvolvi o 1º curso de psicologia da dança do Brasil em 2016. Sou defensora da área de psicologia da dança, atendo bailarinos, ofereço consultoria para escolas e companhias e capacito professores e psicólogos nesta área promissora.

Contatos: mariacristinalopes@gmail.com | +55 21 990922685

Gabriela Romão. Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP), é especializada em escrita científica. Estuda dança desde 2016, com ênfase em modalidades de dança de salão.

Contatos: gabi.r.romao@gmail.com | @romaogabriela

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