Maria Cristina Lopes Quando a mente está leve a dança flui Psicologia da dança

A dança como terapia no tratamento da depressão

Você sabe o que é depressão?

- Humor “triste, vazio ou irritável”; 

- Perda de interesse ou prazer em atividades; 

- Redução ou aumento do apetite; 

- Insônia ou hipersonia; 

- Agitação ou retardo psicomotor; 

- Fadiga; 

- Pensamentos de inutilidade e culpa excessiva; 

- Pensamentos recorrentes de morte; 

- Baixa autoestima; 

- Pensamentos de desesperança. 


Estes são alguns dos sintomas relatados por quem sofre de transtornos depressivos, e também observados por aqueles que convivem com essas pessoas. De acordo com os mesmos, esses sintomas manifestam-se na maior parte do dia, em quase todos os dias. Acompanham prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

E como a dança pode ajudar essas pessoas? Estudos em Psicologia da Dança trazem evidências muito interessantes e estimulantes!


​>> Leia também: A dança como terapia para sintomas de depressão 

Referências:

American Psychiatric Association. (2002). DSM-IV. Porto Alegre: ARTMED, 4a. ed.

Jeong, Y-J.; Hong, S-C.; Lee, M. S.; Park, M-C.; Kim, Y-K; & Suh, C-M. (2005). Dance movement therapy improves emotional responses and modulates neurohormones in adolescents with mild depression. International Journal of Neuroscience, vol. 115, no. 12, pp. 1711-1720.

Koch, S. C.; Morlinghaus, K.; & Fuchs, T. (2007). The joy dance: specific effects of a single dance intervention on psychiatric patients with depression. The Arts in Psychotherapy, vol. 34, pp. 340-349.

Lopes, M. C. (2017). Psicologia da dança: um e-book sobre a história da psicologia da dança na ciência e na prática. Maria Cristina Lopes, Rio de Janeiro.

Lovatt, P. (2013). Dance Psychology: The Power of Dance across Behaviour & Thinking. Psychology Review.

Murrock, C. J.; & Graor, C. H. (2014). Effects of dance on depression, physical function, and disability in underserved adults. Journal of Aging and Physical Activity, 22(3), 380-385.

Giovanna Xavier. Psicóloga Mestre, bailarina e professora de dança do ventre. giovannaxavierpsicologa@hotmail.com \ +55 67 981765572

Um estudo (Koch, Morlinghaus & Fuchs, 2007) feito com pessoas que apresentavam depressão, em um hospital psiquiátrico, mostrou que uma sessão de 30 minutos dançando a uma música apresentou como efeito a redução de sintomas depressivos e o aumento de percepções de vitalidade - “estar cheio de energia”, “forte” e “saudável” -, de acordo com relatos de participantes do estudo. Enquanto um grupo passou pela sessão de 30 minutos dançando a música, outro grupo passou pela sessão de 30 minutos apenas escutando a música. Os participantes do segundo grupo, por sua vez, relataram o aumento dos sintomas depressivos. O que sinaliza a eficácia da dança como variável isolada.

Em outro estudo (Jeong, Hong, Lee, Park, Kim & Suh, 2005), adolescentes que apresentavam depressão foram submetidas a 3 sessões de dança semanais, ao longo de 12 semanas. Nessas sessões, o trabalho na dança era orientado à consciência corporal, movimento e expressão de emoções. Após as sessões, as participantes relataram a redução de “sentimentos de depressão, ansiedade e hostilidade”. Também relataram estarem “fisicamente mais relaxadas”, o que pode ser comprovado pela mudança na concentração de hormônios de stress no corpo (como cortisol) e aumento de serotonina e beta-endorfinas, estimuladas pela prática da dança. 


Além do tratamento de sintomas, a dança também melhora a qualidade de vida do indivíduo, ao estimular a interação social, a prática de exercício físico, a autoeficácia, a autoestima, a regulação do sono, etc. É importante, contudo, que o contexto da dança seja reforçador, e que se busque promover não somente técnica, mas também socialização, expressão de emoções e autoaceitação.

Assim, como nestes e em diversos outros estudos científicos (além de evidências práticas), a dança tem se mostrado uma terapia complementar eficaz para o tratamento da depressão, aliada à psicoterapia, medicação, e outras formas de intervenção. 

Vamos divulgar este conhecimento!


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