Maria Cristina Lopes Quando a mente está leve a dança flui Psicologia da dança

Maria Cristina Lopes. Sou formada pela PUC-Rio e mestre pela Universidade de Coimbra. Trabalho com a dança desde 2013 e desenvolvi o 1º curso de psicologia da dança do Brasil em 2016. Sou defensora da área de psicologia da dança, atendo bailarinos, ofereço consultoria para escolas e companhias e capacito professores e psicólogos nesta área promissora.

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Por estes e outros motivos, a psicologia se interessa por compreender e tratar populações de pessoas com depressão. Por sua vez, grande parte da psicologia da dança se dedica a encontrar benefícios da dança e uma destas populações estudadas foi a de mulheres com depressão. E os achados foram motivadores.

Em especial, a dança movimento terapia foi uma das modalidades de dança que mais investiram em compreender os seus efeitos na depressão. Isso se deve, principalmente, ao objetivo terapêutico desta modalidade de dança. Portanto, apesar destes estudos oferecerem resultados animadores, ainda é necessário investir para a compreensão dos efeitos de outras modalidades de dança na depressão.

Em relação aos efeitos da dança movimento terapia os resultados sugerem que a prática melhora a qualidade de vida e sintomas de ansiedade e depressão (Ritter & Low, 1996). Outros resultados sugerem a melhora de bem-estar subjetivo, humor e afeto positivo e imagem corporal. Novas investigações são necessárias para confirmar estes dados. Porém, através destes resultados é possível concluir que a dança movimento terapia deve ser considerada como modalidade para investimento em hospitais e clínicas.

Em outro estudo recente (Jeong et al., 2005) efeitos positivos também foram encontrados, desta vez, em comparação com grupo controle. Alguns destes resultados foram referentes a sintomas de depressão e ansiedade. Os autores sugerem que estes efeitos estão relacionados a mudanças fisiológicas resultantes da participação nas aulas de dança movimento terapia. Apesar da amostra pequena neste estudo estes resultados são consistentes com estudos prévios.

Não é possível identificar por que estes efeitos foram observados e quais as características da dança movimento terapia são primordiais para a obtenção destes resultados. É possível que a interação social desenvolva competências sociais que foram perdidas ou deixadas “adormecidas” na depressão devido ao sintoma de isolamento social. Outra possibilidade é baseada na característica do movimento livre que permite a expressão de emoções e sentimentos que o sujeito não consegue expressar através da fala. O movimento de forma mais concreta também podem ajudar para o aparecimento de resultados positivos. Isso pode ocorrer uma vez que na depressão o indivíduo pode sentir perda de energia, fadiga e retardo psicomotor.

Podemos, de forma geral, dizer que a dança funciona com o uma terapia complementar a outros tratamentos para a depressão. Portanto, para pessoas diagnosticadas com depressão que já fazem uso recomendado de medicamento e psicoterapia, a dança – em especial a dança movimento terapia – é recomendada como terapia complementar.

A depressão é um transtorno sério acompanhado por sentimentos de desesperança e incapacidade. Porém, estes sentimentos são ambíguos e intercalados por momentos de lucidez e esperança em relação à vida e ao futuro. Acreditar em um futuro melhor é possível, porém não é fácil. O primeiro passo para que uma pessoa melhore seus sintomas é compreender a seriedade deste transtorno que distorce a visão sobre a vida. Assim, é possível engajar-se com os tratamentos e a dança movimento terapia pode ser uma das terapias propostas e eficazes para auxiliar no curso deste tratamento.


>> Confira também o texto "A dança como terapia complementar para o tratamento da depressão"

A dança como terapia para sintomas de depressão 

mulher de preto dançando feliz

A depressão é uma condição psicológica que afeta a maneira como uma pessoa enxerga o mundo, as pessoas e seus pensamentos e emoções. Esta distorção da realidade pode levar a outros sintomas que causam intenso sofrimento psicológico. Sendo assim, qualidade de vida de uma pessoa com depressão é seriamente prejudicada, assim como o prazer em atividades que antes eram consideradas positivas. As pessoas que sofrem com esta condição começam a sinalizar através do seu comportamento. O isolamento social e inatividade são alguns dos sinais mais comuns da depressão.

Uma emoção muito comumente associada à depressão é a tristeza. Porém, esta emoção não é de modo algum a única envolvida no transtorno depressivo. Aqueles que sofrem com a depressão sentem-se por vezes tristes, irritados ou ansiosos, por exemplo. Além destas emoções, sentimentos de incompetência e desesperança são muito comuns.

Infelizmente, a depressão pode levar a outros transtornos em comorbidade ou sintomas mais graves. Além de este ser um transtorno com prevalência alta, ainda caminhamos para compreender realmente sobre prevenção e tratamento da depressão. As principais estratégias para o tratamento da depressão, até o momento, são a psicoterapia (em especial a terapia cognitivo comportamental) e medicação. Para a prevenção dos sintomas depressivos a atividade física é o que tem apresentado os melhores resultados. Estas estratégias têm produzido bons efeitos sobre os sintomas da depressão, mas ainda são necessárias investigações, em especial, em outras formas de tratamento e prevenção.


>> Leia também: Dança movimento terapia: 6 casos em que dançar pode ser o melhor remédio

REFERÊNCIAS:

Koch, S., Kunz, T., Lykou, S., & Cruz, R. (2014). Effects of dance movement therapy and dance on health-related psychological outcomes: A meta-analysis. The Arts in Psychotherapy, 41(1), 46-64.

Ritter, M., & Low, K. G. (1996). Effects of dance/movement therapy: A meta-analysis. The Arts in Psychotherapy, 23(3), 249-260.

Vankova, H., Holmerova, I., Machacova, K., Volicer, L., Veleta, P., & Celko, A. M. (2014). The effect of dance on depressive symptoms in nursing home residents. Journal of the American Medical Directors Association, 15(8), 582-587.

Jeong, Y. J., Hong, S. C., Lee, M. S., Park, M. C., Kim, Y. K., & Suh, C. M. (2005). Dance movement therapy improves emotional responses and modulates neurohormones in adolescents with mild depression. International Journal of Neuroscience, 115(12), 1711-1720.


COMO FAZER REFERÊNCIA A ESTE ARTIGO:


Lopes, M. C. (2018, março 28). A dança como terapia para sintomas de depressão [Blog]. Recuperado de: http://www.mariacristinalopes.com/a-dan-a-como-terapia-para-sintomas-de-depress-o---psicologia-da-dan-a.html